sexta-feira, 30 de abril de 2010
XXXII
Minhas lágrimas já são frias
Parecem inconter gritos de outrora
Antes gritos de alegria traziam força
Hoje em gritos de agonia, assola.
Já não consigo mais chorar
Já não consigo mais gritar
O grito de meu peito surge e permanece
a gritar dentro de mim mesmo
-Não sai, não ganha forma...
Ele vive em sua própria aflição,
consigo mesmo,
Ele vive tão forte e desassossegado
Imanente em mim perdura
Tenho um grito tão forte
Asfixia-me, remove-me
Tão forte é meu grito
Que não consigo nem mais gritar.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Cantar a natureza
Eu vou cantar um canto de beleza
Louvor e sabor na mesa
Louvar, louvar eu vou!
Louvar, louvar eu vou!
Sagrada natureza
Fonte viva de certeza
Sabor e esplendor do amor
Sabor e esplendor do amor
Teu canto é todo de beleza
Tua vida traz-nos a certeza
De toda a sua beleza
De toda a sua beleza
Teus rios e amadas fontes
Teu povo semente do ontem
E de um novo amanhã
E de um novo amanhã
Ô, ô, ô, lalala la la
Lalala la la
Eu vou cantar, eu vou
Todo o seu progresso de amor
Glórias ao Deus Pai que nos criou
Imagem e semelhança natureza
De amor, de amor, ô ô ô
De amor, de amor, ô ô ô.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Adeus, meus sonhos
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo!
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Álvares de Azevedo)
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