domingo, 31 de outubro de 2010

Trazidos dos teus excessos

Vi-me em fragmentos nele.
Pedaços tão meus nele escondidos.
Deixo olhares, agora, distentidos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

XXXVII

Grito tresloucado
estoura, apavora, desnuda
sopra...

a alma ressoa, intensifica,
...esvaece.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Utopia



Quando o dia da paz renascer
Quando o Sol da esperança brilhar
Eu vou cantar
Quando o povo nas ruas sorrir
E a roseira de novo florir
Eu vou cantar
Quando as cercas cairem no chão
Quando as mesas se encherem de pão
Eu vou cantar
Quando os muros que cercam os jardins, destruídos
Então os jasmins vão perfurmar
Vai ser tão bonito se ouvir a canção
Cantada de novo
no olhar da gente a certeza do irmão
reinado do povo
Quando as armas da destruição
destruídas em cada nação
eu vou sonhar
E o decreto que encerra a opressão
assinado só no coração
vai triunfar
Quando a voz da verdade se ouvir
e a mentira não mais existir
será enfim
tempo novo de eterna justiça
sem mais ódio, sem sangue ou cobiça
vai ser assim
Vai ser tão bonito se ouvir a canção
Cantada de novo
no olhar da gente a certeza de irmãos
reinado do povo.
(Zé Vicente)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Desarrumando - IV (ou dias de faxina)

- IV -

...como posso mais sorrir

se quem estava a minha volta...
chegou, sorriu, encantou, ficou - morreu em mim...
- e me levou junto também?!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Desarrumando - III (ou dias de faxina)

- III -

Hoje, encontrei um coração partido
Espremido, mas ainda vivo
Esmagado por entre as quinquilharias minhas
Nele baixinho, já soterrado pelo esquecimento e pelo tempo dizia:
"Sorria sempre, seu sorriso encanta quem está sua volta".

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Desarrumando - II (ou dias de faxina)

- II -

Não sei porque guardo
essas coisas que sei que nunca vou usar
Será medo do tempo não voltar?
Ou será que esqueci de me renovar?

domingo, 24 de outubro de 2010

Desarrumando - I (ou dias de faxina)

- I -

Eu aqui não sei porque
insisto em ter essas tuas coisas
se sei que não vou te ter.

sábado, 23 de outubro de 2010

Memória














Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão


Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

(Carlos Drummond de Andrade)