domingo, 28 de fevereiro de 2010

XVIII










Sou poeta de um mundo sem futuro
Onde tudo parece degradar
Nem mesmo os sonhos
parecem sustentar

Sou poeta de dias mais mesquinhos
Onde tudo se faz perecer
Nem mesmo os sonhos
deixam de fenecer

Sou poeta da minha própria ânsia
Onde tudo vai, se esvai
Nem mesmo os sonhos

parecem sustentar,
fenecer,
viver.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

XVII











Antes de provocar
Não provoque!
Nem se deixe provocar...

Prove-se sem nada provar
Aprove-se com o que se move
Nos teus sonhos a indicar...

Enfrenta-te de frente
Com tuas frentes
Que vem te enfrentar...

Defronta-te com tua fronte
Que vem defronte
Te afrontar...

Mostra-te a ti mesmo
Que nada temes,
que segues sempre a lutar!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Confissão



Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!


(Mario Quintana)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Notas...



Notas...

de rodapé ou não,
consta
que em nada há certeza
Leve-as para a imaginação¹²³

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sutil tristeza



Quando chove
faz sempre frio

Meu peito sofre
Eu rio...

a correr abaixo
no vazio...

de meu peito
próprio...

Quando faz sol
é sempre escuro

tenho um silêncio
desfeito...

A trazer ânsias
de criança...

é um silêncio mudo
desnudo...

Quando anoitece
meu peito escurece

junto à escuridão
da noite...

que leva-me
solidão...

no espaço
vazio...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Das sete pontas



A frase que fere meu peito
tem sete pontas...
Sete navalhas cortantes
e lapidantes fios afiados.

Tem a força intrigante
dos fios de esperança
Que assim se foram
desfiados.

"-Não vejo minha vida em tua companhia".

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Canto XVI



Era aquele amor que tanto travava
A minha boca que treme...
e
Meu peito que geme a falta que ela me faz.

Era ânsia, misturada com palidez
Da distância que chega, sem ter dó nem vez
Leva-nos, a vida, a morte
Deixa a própria sorte
Solitariamente esquecida.

A noite que escapa
E leva consigo meu coração perdido
Em fortes dores de anteontem
É bem mais escura
Que as noites que me consomem.

Tudo se escapa
Da minha boca que treme
O canto se esvai, o amor que teme
A noite que canta
Sua doçura mais sofrida
É vida que leva a vida
Para os horizontes mais temidos.

É junho, é janeiro é o mesmo fevereiro
Que assombra todas as sombras - maneiro
É cochilar derradeiro
Minha canção que se esvai...

Sem causa, sem rima, sem ela...
É o tempo que chega...
e
vai...
A saudade bate
Arrebate-me contra meu próprio peito.

É dor, desespero sujeito
É vida e é morte
É tudo e é nada
É meu peito, sujeito, sem jeito...
-sem nada.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Emergência



Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.


(Mario Quintana)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Soluços



Eu procuro meu riso incontido
perdido em algum lugar

Vai ver deixe-o contigo

e você quer não me entregar?!


Vai ver teria ele desaperecido
só para me provocar?

Sei que perdi-o de repente
procuro-o desesperadamente


Estimo em algum lugar

assim
pode-lo encontrar...

Mas se nunca mais o encontrar?

Onde terei deixado ele escapar?

Para onde teria ele fugido?
E se ele partiu junto com meus sonhos?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Canto triste



E agora que triste fim me espera

Perplexo e inerme

nas agonias do tempo
Perdi-me em minha esfera..


Já não sorrio alegremente
nem espero a primavera
Sou-me sempre tão demente

E vivo em toda quimera


Fiz-me bobo lentamente

Fiz-me ver quem já não era


Perdi-me em atalhos tolos

Tolo sou, pensava ela


A vida cíclica me deposita

Já nem tenho o que esperar

Peito meu nem acredita
Nem mais quer acreditar


Sou-me então insonso e triste
Mas tolice não é-me traço
Nesse circo armado insiste

Fez-me ser o seu palhaço.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Das agonias











E de fazer-me tão profundo,
Agudo e intenso nessa existência
Descobri-me por estar só no mundo
Morrendo em minha própria essência.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Gritos de libertação


*obs: poema em homenagem ao aniversário de D. Pedro Casaldáliga

Pedro, teu povo ouviu um grito
Um grito de libertação
Ele foi ganhando força e vida
E se espalhou pela multidão

No início era um simples grito
Abafado pela repressão...
Aos poucos, tomou corpo
Foi ganhando forma e ação

Teus gritos companheiro
Sacudiram o mundo inteiro

São gritos que anunciam
Com toda a convicção

São gritos que denunciam
Toda a forma de opressão

Pedro, tenhas certeza
Já não gritas mais sozinho...

Teu grito é inspiração
E teu povo oprimido
Já grita contigo em mutirão!

*16.02.2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Trova



Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.

(Mario Quintana)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Dos dias de carnaval



Teu sorriso é sinal de alegria

Alegria que me invade,
E contagia "toda folia".

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Sonhar com teu sorriso



Sonhar com teu sorriso é tudo o que tenho feito,
tenho levado ele no meu peito,
todos os instantes em minha memória...

Teu sorriso assim constrói a minha história,
história que contigo quer ser mais bela...
contigo quer entender,
aprender a tornar-se real...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Canto XV



A noite que vem exposta
Afaga meu peito esperando
A suprema resposta
Da fuga que vivo sonhando

Ela mesma dá amostras
Dos sonhos a que me oferece
Traz-me infindas respostas
Ao que todo sonho merece

São respostas de esperança
Sonhos que mostram confiança
Memórias que ainda chegarão...

São dias que ilustram meu ser
Compadecem em meu sofrer
São sonhos que em breve virão...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O que a nós tudo é evitado, tampouco em nós tudo será superado".

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Da vez primeira em que me assassinaram



Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha…

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

(Mario Quintana)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Súplica



Meu Deus, Tu que sabes das coisas todas
Liberta-me dessa minha agonia
Presa em todos os meus dias
Tira-me este cansaço sem fim.

Deus meu, Tu que sabes de tudo
Livra-me desse silêncio,
Da dor que me é atroz
De toda a dor do meu peito.

Deus meu, que fazes de tudo novo
Renova-me esperanças daqui distante
Numa outra vida, menos dilacerante
Dá-me vida plena em Tua face.

Meu Deus, que És fonte de amor e vida
Fazes desse peito, eleito ao Teu encontro
Tira-me de todo esse mal que tenho feito
Leva-me logo, ao Teu leito.

Deus meu, que antes não possa a Ti levar-me
Tire-me apenas dessa agonia suprema
Mostra-me o alívio da vida terrena
Faz-me noivo do alívio eterno.

Deus meu, que liga e desliga todas as coisas
Tira-me o peso em que minha alma se encontra
Dá-me o ensejo do gozo sentir,
Que tenho apenas em Teu mundo.

Meu Deus, que é Pai de bondade infinita
Apenas permita-me que sinta o gosto,
O frescor e a Tua voz em meu rosto
A saber que da vida fiz-me finito.

Deus meu, que é Pai de todas as súplicas
Faça dessa agonia minha, a última,
Eleva-me ao passo Teu
Oferta-me tudo o que a vida não me deu.

Deus meu, dos sonhos mais lindos
Faça deste meu adormecer o último
E traga-me a fonte da sede infinita
Que tenho somente na Tua vida.

Meu Deus, que és o Deus do amor
Desfaça-me todo o pudor,
Da ânsia sem fim de buscar
Outra vida em Teu clamor.

Deus meu, que fazes tudo perfeito
Aperfeiçoa-me no sorriso em Ti buscar
Traga-me a paz eterna que tenha efeito
Sobre os dolorosos dias que me vem maltratar.

Deus meu, traga-me apenas mais
Tudo o que for capaz
Do momento em que tanto espero
Do contato que em Ti venero.

Meu Deus, da paz, da vida, do amor
Leve-me como a brisa em partida
Reparta-me noutra vida pressentida
Mostra-me a saída clara a essa dor.

Deus meu, que fazes sinal de plena compaixão
Ajoelho-me aos Teus pés,
E peço-Te veementemente
Ser-Te mais digno, livra-me dessa aflição.

Deus meu, que é Pai, que é o princípio e o fim
Faz de mim teu servo eterno e útil
Num outro mundo mais claro e límpido
Noutra vida mais cheia de vida.

Deus meu, peço-Te mais apenas
Que de mim, não Te esqueças
Tira-me os martírios da vida
Deixa-me que pra sempre adormeça.

Meu Deus, tão logo possa me ouvir
Tão logo, peço-Te a me fazer sorrir
Noutra vida mais clara, mais linda
Deixa-me tão breve poder partir.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Das provocações inquietas



Quisera eu que a dor de meu peito
Fosse apenas findando-me lentamente,
No silêncio entumescido dos meus dias...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Desalegria



Agora, eu peço-te apenas mais:
-Que sempre me leves,
-Que nunca me esqueças,

Peço que possas levar-me
No cantinho mais simples
Do seu coração...

Leve-me mesmo como
Quem leva um sonho perdido
Sabemos que ele partiu, perdeu-se...

Mas tão sublimemente existiu,
Pois energizou nossa vida
No encanto de sonhar.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

XIV



Não há mais porque mentir
Não há mais onde esconder
Por você sonho, vejo e me alegro
Em você me contento e descubro..

Como o mundo pode ser mais belo
Como a vida pode ter mais vida
Como os sonhos podem ser mais lindos.

Em você quero sempre ter
A paz e a alegria de sonhar

E tão somente com você
Cada sonho poder concretizar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Canção do dia de sempre



Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência...esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

(Mario Quintana)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Canto XIII



Mesmo que o sol não se poste
E o mundo sempre me pergunte
O que é? pra onde vou?

Como cheguei, aonde estou?


E a vida tenha sentido depois
De sentir tudo o que senti

Na dor, na alma, na vida

Todo amor que descobri...


Mesmo que apareça outro jeito de viver

Por mais em que pareça parecer

Sem você, sem te ver, nem posso perceber

Como sou, pra onde vou, nem a vida entender.


Meu mundo fez-se teu a tua face
Faz-se minha, minha vida, meu jeito

Meu desejo em entender

O que somos e onde estamos?

Trago-te esta paz

Em que se passa o passo meu
Entre passos e sentidos
Só tenho sentido ao lado teu.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mostra-me



Linda menina de alma serena
E do olhar que faz da vida, plena!
Faz-me em ti engrandecer
E contigo aprender a viver.

Mostra-me os caminhos...
Mesmo que entre espinhos,
Quero por estes caminhos,
Buscar sempre teus carinhos.

Menina da vida grande e serena
Que tua alma que se faz plena,
Envolva-me da sabedoria serena.

E que em ti eu possa aprender
A viver em teus caminhos,
E que em ti deseje sempre vida, plena!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

XII

O sol sempre nasce em um novo dia...
O sol sempre traz novas sensações
Sejam elas, boas ou não,
Ele sempre volta.

O sol sempre volta em cada amanhecer
Seja para trazer-nos nova vida, de novo
Ou para levar-nos com ele,
A repousar no esquecimento além do horizonte.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Canto XI



Meu amor, eu hoje preciso tanto lhe dizer

Que meu mundo é mais vivo com você

Que as flores são mais belas em cada amanhecer

E os lírios florescem sempre que te veem.


A vida é mais vida e nela conheci

Meus dias irrequietos, o mundo em que parti,

O saber do que é o amor só então eu percebi

No dia que te vi, eu tudo entendi.


A vida tem mais vida,
O sol tem mais amores,
O mundo tem mais paz

A paz tem mais sabores.


Hoje os meus sonhos são mais belos por saber

Que em você descobri o mundo a entender

Os dias, os segredos e o jeito de viver
O saber de eu saber a hora certa de querer.

Eu hoje sou mais belo, sou feliz ao lado teu

Meu mundo tem mais vida,

Nessa vida assim sou teu...

Meu rosto viu teu rosto e então resplandeceu.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos



Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!


(Mario Quintana)