Os percursos e idas até Curitiba
permitiram-me percorrer algumas preciosas e significativas reflexões que
carrego deste então; em especial, acompanhava o amigo Valdir, no reencontro
para, nem sei ao certo, lá pelos quase 10 anos sem encontrá-lo pessoalmente.
Valdir recebeu-me em aula do curso de Teologia, o qual faz juntamente com
outros colegas seus.
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Quais
são as vozes que dão sentido à sua vida? Indagara a professora que lecionava
sob uma luz reluzente em seu rosto naquela atípica noite – não tão fria para a
fria Curitiba no inverno – e que parecia alastrar-se para todos que ali estavam
como um sinal e provocações proféticas, quiçá divinas. Comigo não foi
diferente.
Na
sua ainda recorrente explanação, em meio a sua aula de Dinâmica para Grupos,
trazia e provocava aos seus alunos, que é necessário que tenhamos a
sensibilidade de poder ouvir a vozes autênticas, que nos fazem crescer e nos
provocar em um sentido crítico, mas também filosófico. Tais vozes fazem
repensar e reconhecer nossos atos, militância, percursos, e, por consequência,
crescer como seres humanos. Do contrário, não há o porquê de dispersarmos em
vozes alheias que ludibriam o caminho. Ouvindo as vozes que nos são
importantes, podemos seguir e construir nossa missão, para qual nos dedicamos e
temos como objetivo.
Indagado
que fiquei, desde então pergunto-me quais são as vozes que me motivam no
caminhar? E, para, além disso, com quais vozes preciso a me dedicar mais
atentamente para que possa ser um ser humano melhor e mais comprometido com a
minha missão. O exercício, confesso, não se faz fácil e leva a várias questões
históricas, afetivas, sociológicas e até filosóficas. Lembro-me de pessoas que carrego forte em
minha identidade: que me inspiraram, fizeram-me crescer como pessoa, de amigos com
os quais jamais queria ter me afastado fisicamente, embora os ritmos de vida
nos assim colocam por muitas vezes. Lembro-me também das vozes coletivas,
ampliadas em projetos de transformação social, de construção do projeto de
justiça e de Reino, de vozes dispersas, perdidas e tantas vezes sufocadas. Como
lidar com tais vozes em busca de nosso encontro ou reencontro com nossa missão,
batismo, sentido ou descobertas?
Das
vozes que trazem-me até aqui, como ser humano neste momento e contexto
histórico, soam em mim e tanto mais sou grato, do seio familiar e pastoral e
também mais das que desafiam-me de forma constante: no trabalho, sentimentos e
amizades profícuas com as quais quero e peço a Deus para manter a fidelidade
por toda uma vida. Tais vozes, não soam, pois, as milhares, mas encontram o
momento e jeito certo de ressoar até nós. São vozes que são velozes, outras
carinho, outras são exemplo e outras são simplesmente olhares. Há vozes que não
falam , somente existem, mas há tantas outras que ressignificam e ressoam em
toda a minha existência.
Uma
vez por assim mais, quero entoar tais vozes e incorporar mais
significativamente a minha existência, em especial das vozes amigas e críticas,
que afagam, mas que também fazem refletir e crescer diante dos desafios e
incompreensões. Somos marcados por vozes, inclusive as que ressoam dentro de
nós, posso ouvi-las a milhões de tons, mas todas carregam tão preciosamente o
mesmo anseio e compromisso: o desejo de serem livres e ganharem forma, cada
qual à sua maneira, porém, cada qual com a sua coragem e fidelidade aos
sentimentos que carregam. Que a pergunta
seja motivo frequente, afinal, quais são as vozes que dão sentido à nossa
vida?.
*Trechos que
dialogam com estes escritos.
Gisley -
http://bit.do/vozes-gisley
Gladir -
http://bit.do/vozes-gladir
Exôdo 3 e
Êxodo 19,9 - http://bit.do/vozes-Ex3;
http://bit.do/vozes-Ex19-9