Olha, eu talvez seja esse
cadáver desconhecidoque avistam sob uma ponte
com relativo interesse:
Nem sei mais se me matei
se morri por distraido
se me atiraram do cais
--- o mistério é mais profundo,
muito mais...
Vida, sonho de um segundo
---isso é vulgar mas atroz ---
e tenho pena de mim
como a que eu tenho de voz...
e sigo
todo florido
destes nossos velhos sonhos
imortais
---o misterioso tão sem fim ---
eu sigo todo florido
cadáver desconhecido
vogando, lento, à deriva
nos rios todos do mundo!
(Mario Quintana)
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