sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sôbolos rios que vão



Olha, eu talvez seja esse
cadáver desconhecido
que avistam sob uma ponte
com relativo interesse:

Nem sei mais se me matei
se morri por distraido
se me atiraram do cais

--- o mistério é mais profundo,
muito mais...

Vida, sonho de um segundo
---isso é vulgar mas atroz ---
e tenho pena de mim
como a que eu tenho de voz...

e sigo
todo florido
destes nossos velhos sonhos
imortais

---o misterioso tão sem fim ---

eu sigo todo florido
cadáver desconhecido
vogando, lento, à deriva
nos rios todos do mundo!


(Mario Quintana)

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