quarta-feira, 8 de março de 2017

Sobre o Dia 8 de Março

Confesso que durante o dia de hoje e até aos que antecederam-no fiquei inquieto e me perguntando a melhor forma de falar e refletir sobre este dia 8 de março. Por muito e sempre o silêncio é a melhor resposta e reflexão.

Também por muito e sempre, como educadores, é-nos pedagógico e salutar trazer presente e não emudecer em nossas ações, em especial, construindo e fazendo junto a partir da realidade, como já sinalizara uma pedagogia popular efetiva e afetiva. Assim a tento.

Lembrar e falar deste 8 de março é lembrar e falar das vozes ainda emudecidas e desaparecidas durante os tempos da ditadura, das mortes nas fábricas, da violência física e verbal, doméstica e genérica, impessoal e camuflada. É um pôr o olhar na história, mas também muito mais com os pés na realidade e no presente. O 8 de março pode simbolizar flores tomadas ou tombadas pelo caminho. Tomadas e lançadas na memória e na história dos que creem na vida. Este dia recobre em história, em memória, mas também recobre entre tantos outros gritos, por entre silêncios que gritam muito mais que palavras, estatísticas ou imagens. Recai e se recobrem por entre cenas e cores, que ecoam e pedem mais vida.

Mulheres que trazem vida plena, rebeldia, sinais e almas largas que não se fazem pequenas. Neste e em tantos dias muitas cantam, é o mesmo canto que ecoou outrora, ainda carregado de cor e ao mesmo tempo de esperança. Das bocas que não tremem e que seguem construindo horizontes, abrindo montes, fazendo sinal. É março, é dia 8, mas é também por todo e sempre.

Das memórias vivas, dentre tantas, fita-me o rosto de Olga, quando em vias da sua condenação e perseguição. Memória fixada e tocante, inquietante, quando lhe roubavam a toda e qualquer dignidade, porém com seus sonhos e com sua vida a seguir de cabeça erguida até o final. A memória se faz prece, oração, chora e reconhece, vive e se volta em silêncio. E em respeito e em sinal de luto - e luta - assim volta e permanece.

#8M #8deMarço

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