quinta-feira, 23 de junho de 2011

Da consciência

Peco por atos e omissões, culpas e desejos. Peco na tentativa de acertar e erro permanentemente pensando estar fazendo certo. Sim, peco e não vejo mal, não encontro mal em ser ou estar sendo sem saber, ou em ser e reinventar aquilo que já existe em outras palavras. Sendo assim, peco melhor, peco dando nova vida e tudo aquilo que dá nova vida encontra novo sentido em existir e essa é uma bonita missão: fazer com que tudo exista, que ganhe sentido.

Da iminente reflexão brota a dúvida: pecar por ou sem querer com ou sem saber, eis de toda iniciativa inocente sucede o perdão, sincero e verdadeiramente disposto a trazer nova forma de acertar, sem compromissos, desde o compromisso natural - e maior - seja de não pecar novamente, mas sim de encontrar o caminho que leve as maneiras e condutas de não mais errar.

Eis que das palavras brota a poesia das palavras de tantas, infinitas, poucas coisas ainda não foram ditas, o que sobra é a forma em que cada um de nós pode e cabe dizê-las. E eu digo. E digo mais de um jeito do que desejo e desejo mais do que posso dizer - a indizível arte - de transpor e ousar sem não mais pecar: eis o grande desafio que brota na poesia do vazio que se espera por encantar.

Eu peco permanentemente na forma robusta de dizer e na lírica externa sem saber e no texto compacto e na palavra e na dosagem do verso. Peco por querer, havendo culpa intencional em tamanho pecado, mas quem poderá julgar ao pecado que lava a alma e que engrandece? Peco sem olhar pra trás e até olhando pra ver, mas não e encontro... mas aí também é pecado?

Reflexões tolas ou não pecar por consciência, coincidência sei lá, pouco importa quando a grandeza da palavra ganha forma, se traduz das linhas uniformes para o âmago ser da essência de si, de cada um.... pouco importa nessa hora se o pecado é grave ou leve, se é mortal, capital ou real, pouco importa se traduz, reluz ou apaga; da consciência entre pecar e não pecar acabo rendido às palavras.

2 comentários:

Gabriel Jaste disse...

Uma boa leitura para começar a manhã de hoje! =)

Anônimo disse...

^^