domingo, 5 de dezembro de 2010
Converse (ou Cantiga de Ninar)
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
XLII
terça-feira, 30 de novembro de 2010
XLI
domingo, 28 de novembro de 2010
Composição incerta
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Iceberg
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Uma outra estação
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Amanhecer
domingo, 7 de novembro de 2010
XL
sábado, 6 de novembro de 2010
Recordando olhares
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O Beijo de Pedro
terça-feira, 2 de novembro de 2010
XXXIX
por que nao liberta-se de mim?
tua face que me prende e consome, faz das elegias tortas,
de retilíneas cores prever a utopia doce do falso pulsar...
quem é ela? que se esconde por de trás do meu olhar?
a iluminar toda fronte...
a raiar todo dia...
quem é ela que consome o medo em um sorriso versante?
oferece-me abrigo, sem entender onde.
quem é ela...
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
domingo, 31 de outubro de 2010
Trazidos dos teus excessos
Pedaços tão meus nele escondidos.
Deixo olhares, agora, distentidos.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Utopia
Quando o dia da paz renascer
Eu vou cantar
E a roseira de novo florir
Eu vou cantar
Quando as mesas se encherem de pão
Eu vou cantar
Então os jasmins vão perfurmar
Cantada de novo
no olhar da gente a certeza do irmão
reinado do povo
destruídas em cada nação
eu vou sonhar
assinado só no coração
vai triunfar
e a mentira não mais existir
será enfim
tempo novo de eterna justiça
sem mais ódio, sem sangue ou cobiça
vai ser assim
Cantada de novo
no olhar da gente a certeza de irmãos
reinado do povo.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Desarrumando - IV (ou dias de faxina)
se quem estava a minha volta...
chegou, sorriu, encantou, ficou - morreu em mim...
- e me levou junto também?!
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Desarrumando - III (ou dias de faxina)
Espremido, mas ainda vivo
Esmagado por entre as quinquilharias minhas
Nele baixinho, já soterrado pelo esquecimento e pelo tempo dizia:
"Sorria sempre, seu sorriso encanta quem está sua volta".
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Desarrumando - II (ou dias de faxina)
Não sei porque guardo
essas coisas que sei que nunca vou usar
Será medo do tempo não voltar?
Ou será que esqueci de me renovar?
domingo, 24 de outubro de 2010
Desarrumando - I (ou dias de faxina)
Eu aqui não sei porque
insisto em ter essas tuas coisas
se sei que não vou te ter.
sábado, 23 de outubro de 2010
Memória
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Regresso
Eu quero a sorte de contigo sempre estar
Ser tão seu, ser teu mar.
Eu quero a vida plena e em abundância
Quero sorriso mais sincero da criança
Eu quero a sorte de contigo sempre estar
Ser teu pão, ser tão mais.
Da vida nova eu quero o sol sempre mais perto
Do teu jeito quero meu mais novo encanto
Eu quero a sorte de contigo sempre estar
Por ser tão meu, quero em ti logo voltar
E novamente o sentido despertar
Eu quero a sorte de contigo sempre estar.
domingo, 12 de setembro de 2010
Linda juventude
Sempre com atitude
Não desiste de lutar...
Sente essa inquietude
Que a vida faz valer
Por fazer tua virtude
Em cada dia a amanhecer
Lembra dos teus sonhos
E de todo bem querer
Será sempre teu apelo
A esperança de viver...
Te unes com o irmão
Numa grande oração
Mostra todo o seu fascínio
Chega de violência e extermínio!
sábado, 11 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
Dias de inverno
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Sôbolos rios que vão
que avistam sob uma ponte
com relativo interesse:
Nem sei mais se me matei
se morri por distraido
se me atiraram do cais
--- o mistério é mais profundo,
muito mais...
Vida, sonho de um segundo
---isso é vulgar mas atroz ---
e tenho pena de mim
como a que eu tenho de voz...
e sigo
todo florido
destes nossos velhos sonhos
imortais
---o misterioso tão sem fim ---
eu sigo todo florido
cadáver desconhecido
vogando, lento, à deriva
nos rios todos do mundo!
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
XXXVI
assevera-me a inconstância
a incompletude que meu ser alcança
só de não te ver, ver-te, ver-me, ver só.
provoca e ingessa o pulso, a insegurança
da vida que segue-se ganhando costuras
abertas e sem pontos finais
de não saber tua sina, só.
quem desconhece a essência
de ser essência de fé - sentencia
dó-si-lá aumenta solidão.
domingo, 22 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
Da poesia que não foi...
Meu íntimo é a rota torta e inversa
do meu próprio ser.
Não sabe como partir, sentir
ou mesmo desfazer.
Peito esconde-me de cada manhã
dos roucos medos de ser
E fazer cada vez mais do amanhã
novo parecer sem saber.
Tenho em mim todos os segredos
que posso não saber;
Saber, pois, dos sonhos, dos medos
Desfaz-me refazer
Dentro de meu peito
rasgo meus poemas um a um
Adormecendo na dor escura
no mais íntimo...
Dentro de mim
habita uma coletânea, memórias,
Que vão jogando-se no esquecimento
sem rumo, sem trajetória...
[até perderem-se sem perceber.].
terça-feira, 17 de agosto de 2010
XXXV
do outro lado do lado existe alguém,
faz bem,
é meu passado, meu presente perfeito
remontando-me em traços sem
sem medo, sem jeito....
faço girar meu coração
meu ego
minha direção
...
por ontem, por hoje, castigo
sonhei sempre mais
sonhei sempre estar contigo
mas você não chega mais
...
será que perdeu-se consigo?
será que conseguiu um dia
um outro abrigo?
brigo em minhas próprias razões
não sei onde está, onde estou
sempre me obrigo
a sonhar outra vez,
ver-me sempre contigo
e um dia longe da solidão
E do perigo...
da ausência da gélida manhã
serei feliz outra vez contigo.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Monotonia
É segundo por segundo
Que vai o tempo medindo
Todas as coisas do mundo
Num só tic-tac, em suma,
Há tanta monotonia
Que até a felicidade,
Como goteira num balde,
Cansa, aborrece, enfastia...
E a própria dor - quem diria? -
A própria dor acostuma.
E vão se revezando, assim,
Dia e noite, sol e bruma...
E isto afinal não cansa?
Já não há gosto e desgosto
Quando é prevista a mudança.
Ai que vida!
Ainda bem que tudo acaba...
Ai que vida tão cumprida...
Se não houvesse a morte, Maria,
Eu me matava!
(Mario Quintana)
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Nuances teus
Quem te roubou de você mesma?
Aquele rápido olhar ruborizado,
entregue, ávido a calma sina,
Assina agora o compasso partido
olvidado sem mais trajetória.
O angelical adormecer...
Onde fora parar aquele brilho?
não pode mais soerguer,
Da canção mais pura entreaberta
agora latente em tua história.
O mais que sinfônico
Vento que aproximava nossas almas
à luz da lua que ligava
Nossas vozes e canções
você escondeu a sintonia.
E o beijo que tocava
Face a face,
nossas vidas por inteiro
Fez-se escuro de repente
escorre em ti por simpatia.
Da perfeita e feliz partilha
Da vida fez-te excludente
jogou-a fora valioso tesouro
A vida cheia e engrandecida
Fê-la fraca e em si vazia.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
O que vem depois?
O que vem depois do colorido do teu olhar?
Ponho-me de vez em parte
Sem mais poder imaginar
Da angústia a toda parte erra
Jaz de si, tanta espera
Ei-la perdida e fria
A lágrima, gota mais pura
Indeferida no teu seio
Fere-se por completa
Sê-la mais húmida e quente
Feitio dissonante
Rota e inerme assevera
Já não sei, sei, lá se ia
Sê-la fosse em partida
Aquecer teu corpo, tua vida.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Inconstância
Eu sou a inconstância de todas as coisas
não sei se me acomodo ou sigo incomodando
Se reprovo ou fico a rejeitar.
Não sei se vivo ou peno a existir
se demoro ou sigo a insistir
Não sei se rio ou volto a alegrar.
Se à noite escureço ou rejeito clarear
ao entristecer esqueço de chorar
Ao partir, vejo que já fui.
De manhã quando clareia o dia
já estou a iluminar
e quando demora a ceia, já estive a cear.
Se vejo meu ontem, já estive a sonhar
se a sonhar depois, já era hora de voltar
pro mesmo lugar de outrora.
Quando esqueço de partir
vejo que já é tarde
nem mais posso insistir.
sábado, 26 de junho de 2010
XXXIV
Do âmago à essência plena
que corre...todo mel escorre
sangue nas veias
retilíneas veias que levam
sangue...
nesse suor de dias
Sôfregos.
Eu, só, que sofro,
Tua falta, tua ausência...
Eu só assim, queria
Olhar novamente teu olhar
tua face angelical
E deleitar-me sobre o mais puro sorrriso
...que tenho, ruborizado e incontido
sorriso..
partido,
sem nó,
sem dó,
esquecido dentro de toda a minha existência.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
O amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma, nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Sentir
Sentir,
bem mais que a vida possa permitir,
os sonhos, a pele, a face...
o beijo não dado, ferido, esquecido
Sentir,
bem mais do que a vida possa permitir,
no âmago da vida, esquece...
o sol no seu raiar, ferido
Sentir,
bem mais do que a vida possa permitir,
do ontem, que entristece...
em forma de prece, caído
Sentir,
bem mais do que a vida possa permitir,
do nome, da face que fenece...
do mundo pleno prometido
Sentir,
bem mais do que a vida possa permitir,
do peito, a poesia que adormece...
do amor indelével, expelido
Sentir,
bem mais do que a vida possa permitir,
a verdade, que brota, floresce...
o amor que não cessa, indeferido.
terça-feira, 4 de maio de 2010
XXXIII
sexta-feira, 30 de abril de 2010
XXXII
Minhas lágrimas já são frias
Parecem inconter gritos de outrora
Antes gritos de alegria traziam força
Hoje em gritos de agonia, assola.
Já não consigo mais chorar
Já não consigo mais gritar
O grito de meu peito surge e permanece
a gritar dentro de mim mesmo
-Não sai, não ganha forma...
Ele vive em sua própria aflição,
consigo mesmo,
Ele vive tão forte e desassossegado
Imanente em mim perdura
Tenho um grito tão forte
Asfixia-me, remove-me
Tão forte é meu grito
Que não consigo nem mais gritar.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Cantar a natureza
Eu vou cantar um canto de beleza
Louvor e sabor na mesa
Louvar, louvar eu vou!
Louvar, louvar eu vou!
Sagrada natureza
Fonte viva de certeza
Sabor e esplendor do amor
Sabor e esplendor do amor
Teu canto é todo de beleza
Tua vida traz-nos a certeza
De toda a sua beleza
De toda a sua beleza
Teus rios e amadas fontes
Teu povo semente do ontem
E de um novo amanhã
E de um novo amanhã
Ô, ô, ô, lalala la la
Lalala la la
Eu vou cantar, eu vou
Todo o seu progresso de amor
Glórias ao Deus Pai que nos criou
Imagem e semelhança natureza
De amor, de amor, ô ô ô
De amor, de amor, ô ô ô.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Adeus, meus sonhos
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo!
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Álvares de Azevedo)
terça-feira, 30 de março de 2010
XXXI
Hoje eu descobri a sorte
Empenhei-me em você minha própria morte
Vi que eu podia ganhar meu santo forte
Fui meu destino e meu próprio norte
Era dia, era noite, era todo o mesmo amanhã...
Nem era brincadeira, nem tinha cheiro de hortelã
Fazia frio, pois já nem aquecia o sol forte da manhã
Fiz-me forte, sem norte
Empenhei-me em você minha própria morte.
segunda-feira, 29 de março de 2010
XXX
Esses dias tão diferentes
Consomem-me
matam-me lentamente
são-me indiferentes...
tardes extensas,
noites sem fim,
dias assim
longe do seu lado,
no silêncio e na tua ausência
são eles, meus dias, assim
sem sabor, como essas tortas linhas.
quinta-feira, 25 de março de 2010
O poeta é a semente
Meu amigo, poeta Zé Vicente
És fonte e luz que irradia
e ilumina a vida de tanta gente
Foste plantado em terra boa,
cultivada... germinou semente
de alegria e esperança
para tanta gente
Quando nasceste,
O céu sorriu-se de contente
Fez-se o dia mais preciso
e alegre, fez-te presente
Pois trouxeste
mais vida e poesia
no teu canto que alegra
e encanta tanta gente
Quando nasceste,
Deus pôs no coração da gente
Uma semente, florescente
De enCanto...
a semente Zé Vicente!
quarta-feira, 24 de março de 2010
XXIX
Pudera eu
trocar tudo...
o mundo, o silêncio, o incerto
o passado, o futuro, o presente
o meu nome, o sonho, a semente
a insônia, a poesia crua e fria
Pudera eu...
trocar tudo
o vazio, a esperança, o passado
meu jeito, meu verso trocado
o medo, o ontem, meu peito
a vida futura, meu sorriso estreito
pudera tão quanto quisera eu
trocar tudo,
para poder ter novamente teu sorriso
e poder ainda a vida
fazer algum sentido.
terça-feira, 23 de março de 2010
Amor bastante
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema
leva anos cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto.
(Paulo Leminski)
segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Meu peito chora triste
sábado, 20 de março de 2010
XXVII
sexta-feira, 19 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
Os três mal amados
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
(João Cabral de Melo Neto)
quarta-feira, 17 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
XXV
O sonho repeliu-se
a vida desfez-se,
Se tudo fosse diferente
E, falasse-me realmente,
Nada assim seria
Nem acabaria...
Numa confusa exemplificação
Sem sentido, sem direção...
Não seria o grande mistério
Que creditara-me não ser sério
O mistério, sério, levou sonhos, futuro
Mistério, engoliu tudo...
Meu peito, meu nome, minhas lembranças..
Meu peito, meu jeito nas lembranças
Meu amor indelével, genuíno...
Tudo se esvai, ficando sem destino:
-Acabei!
domingo, 14 de março de 2010
sábado, 13 de março de 2010
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
(Clarice Lispector)
sexta-feira, 12 de março de 2010
Das ilusões
quinta-feira, 11 de março de 2010
Correspondência interrompida
-alguma poesia, umas palavras,
alguma música...
-uma pequena lembrança,
outras palavras,
um coração e um passo...
-um marca página, um traço
um rascunho
e vários ensaios...
-algum sono perdido, uma vida,
vários sonhos,
e outras tantas lembranças...
-um dia, umas horas,
uma dor inefável,
não mais amanheci:
-mataram-me!
quarta-feira, 10 de março de 2010
XXIII
terça-feira, 9 de março de 2010
Não sei porque
Não sei porque
quando paro, penso, me vejo sempre pensando em você
e tudo o que sinto, tudo o que eu vejo
se direciona sempre a você
Você é parte mim, assim como sempre sonhei
em ter alguém
e estar junto de você
O dia, a noite tudo se passa
Passando por você
em meus pensamentos,
Nem mesmo o tempo tem mais graça
Longe do seu lado.
Assim a vida passa
Vejo-me em encantos teus
Lembro do que é meu
Que um dia sonhei
E toda a lembrança
Aponta sempre um lado
e esse lado, é sempre ao lado teu.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Somos Mulheres, Simplesmente Mulher!
Somos mulheres criadas a imagem e semelhança de Deus; somos negras, brancas, índias; somos de tanta raça e tanta cor. Gostamos de banho perfumado, de receber flores e ouvir palavras de amor e receber carinho; de cantar, dançar e tocar. Deixamos com muita facilidade as lágrimas banhar nossos rostos. Somos geradoras de vidas, amor e esperança; tornamos o ambiente mais alegre e bonito. Somos sempre lindas.
Somos mulheres frágil e forte, uma mistura que dá certo. Somos capazes de superar os preconceitos da sociedade e os preconceitos eclesiais que aos poucos já não encontram mais suporte. Sabemos de nossa missão, que somos enviadas e estamos por todos os lugares semeando fraternidade, justiça, paz e amor. Somos presença amiga de Deus no meio de seu povo.
Somos esposas, mulheres da aliança. Somos mãe, fonte de vida e de amor, revelamos a face materna de Deus, Ele que é fonte de vida e de amor sem limites, tal como as entranhas da mãe. Somos porta voz de Deus, proclamamos sua mensagem de vida e ressurreição. Somos filhas e amigas, presença incansável, cremos na vida, num novo amanhecer; queremos um mundo construindo paz.
Somos profetas e não nos calamos, mesmo quando estamos silenciosas. Somos solidárias com cada irmã e cada irmão que luta. Nesse chão tantas mulheres plantadas pela vida, justiça, amor e paz; sofrem caladas, perdem a vida e enfrentam a dor. Somos a força feminina presente construindo uma nova história. Maldita toda a violência que devora a vida pela exclusão e pela repressão.
Somos dona de casa, estudante, evangelizadora, lavradora, contadora, operária, catadora de reciclável, vendedora, médica; somos de tudo um pouco. Somos lutadoras, fazemos história mesmo quando não reconhecem nosso valor. Somos incansáveis. Temos o dia oito de março como nosso dia, mas com muita ousadia fazemos de cada dia o nosso dia. Somos Mulheres. Simplesmente Mulher.
(Lucimar Moreira)